O rótulo “primitivo”, que se usa para pinturas como esta, é muito infeliz. A palavra sugere precariedade, rudeza, falta de competência, algo mal realizado. Também não é dos melhores o rótulo “ingênuo”, que transforma os artistas em bobocas pouco inteligentes. Sobra “espontâneo”, que seria o menos injusto e é o menos usado.
O criativo Antônio Poteiro: aqui são mesmo anjos – ou índios com imensos cocares e longos vestidos?
Mas o que está assentado está. Antônio Poteiro (1925-2010) foi um dos grandes “primitivos” brasileiros. A maioria deles utiliza uma linguagem fácil, com pequenos truques, desenho meio infantil, colorido bem variado e temas suaves. Poucos fazem realmente pintura, uma corajosa invenção de formas e gestos, enfrentando a tinta e o pincel, sem a mera preocupação de agradar. Poteiro (que antes foi oleiro e obviamente fabricava potes) era português de nascimento mas viveu e se inspirou no Brasil. Era autêntico, ousado, criativo. Pintou os mais incríveis quadros sobre tudo o que vocês puderem imaginar, inclusive Brasília, Tiradentes, o pantanal, anjos, santos, diabos e índios.
Este quadro faz parte do catálogo de obras à venda da Blombô, o primeiro marketplace de arte online do Brasil.