Volpi popular e erudito

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Volpi é o artista do mês na Blombô. Ao mesmo tempo popular e erudito, conseguiu construir um corpo de trabalho muito coerente nestes dois aspectos. De origem humilde, quando jovem Volpi trabalhou na construção civil, especializando-se na pintura decorativa de paredes. Autodidata, seu interesse pelo popular ganhou força a partir da década de 40, quando passou a realizar retratos religiosos e representações de festejos populares. Neste ensejo surge a sua maior marca, as famosas bandeirinhas — e de fachadas coloniais brasileiras.

Para o crítico de artes visuais, Olívio Tavares de Araújo, a partir da década de 70 as formas se cristalizam e o trabalho de Volpi deixa de ser uma oficina de experimentação “Um Albers Caboclo, mais variado, mais rico, mesmo que sem a consciência teórica do fato”, compara o escritor.

Volpi incorpora valores modernistas, na constituição de valores nacionais e na ruptura formal com o academicismo na busca progressiva pela simplificação. Também se apoiou nas premissas do concretismo abstracionismo geométrico.

Constituiu uma pintura geometrizada, com campos cromáticos vibrantes, contornos irregulares, e um uso singular da cor. Sua pincelada e textura muito peculiares se davam a partir da mistura de sua têmpera com ovo. Ao longo dos anos, seu trabalho caminhou para a redução de elementos na composição, flertando com a abstração geométrica, ainda que sem perder o referencial da figuração.

Seguiu fazendo de forma geométrica, temas como marinhas; Náuticos e lúdicos; cenas urbanas e rurais; Fachadas; e Bandeirinhas e mastros.

O artista rompeu tendências novamente quando voltou a inserir os temas religiosos com figurações belíssimas de São Francisco, São Jorge, Santos e Arcanjos e uma coleção de Madonas. 

Volpi produziu um corpo de trabalho muito amplo e complexo de pinturas, em uma mescla extraordinária entre a tradição moderna e elementos da cultura popular. Para o curador  Tomás Toledo, que organizou sua recente exposição no MASP “Volpi Popular” o artista dialogou com a tradição da pintura ocidental, “sobretudo da arte italiana da Idade Média e do Renascimento, e com o modernismo brasileiro, com sua sintetização formal, por outro lado, sua obra foi povoada por referências da cultura popular.” afirma o curador.

Fontes : 

ARAUJO, Olivio Tavares. Volpi, projetos e estudos – em retrospectiva – décadas 40-70. , Pinacoteca do Estado, 1993

MASP, Exposição Volpi Popular

https://masp.org.br/exposicoes/volpi-popular

Ana Maria

Ana Maria

Jornalista com formação em psicanálise e especialização no mercado de arte.

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