Candomblé no Uruguai

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O Brasil tem para com a cultura uruguaia uma dívida impagável. Nada do que fizermos poderá reverter o dano que causamos. Em julho de 1978, realizava-se no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição Geometria Sensível, com centenas de trabalhos nacionais e estrangeiros e uma sala especial dedicada a um dos precursores e grandes representantes da tendência: o uruguaio Joaquín Torres García (1874-1949). Uma retrospectiva com oitenta obras cuidadosamente selecionadas dentro de uma produção pequena. Na noite do dia 8 o MAM pegou fogo e nada sobrou. Foi-se na fumaça o que havia de melhor no legado do maior artista daquele país. Simples assim: acabou.

O belo colorido da pintura de Pedro Figari

É pois com redobrado prazer (e, talvez, um pouquinho de culpa) que recebemos exposições de outros pintores uruguaios. O Museu de Arte de São Paulo recebeu Pedro Figari (1861-1938), que desenvolveu uma longa carreira jurídica e política antes de se dedicar inteiramente à pintura. Tinha vocação desde cedo, porém foi adiando. Como advogado defensor de pobres – um cargo público nomeado – ficou conhecendo o meio social que mais tarde se tornaria um de seus temas principais. Só na década de 1920 abandona tudo isso para apenas pintar. Sai do Uruguai e vai viver em Buenos Aires e Paris, onde, ao longo de nove anos, consegue-se firmar como artista.

Retrato de Figari numa cédula uruguaia

Uma biografia especial para uma obra especial. Pela época em que se define, a pintura de Figari estaria sujeita a mil influências do jovem modernismo. Ele as ignora. “Minha pintura não é ‘uma maneira de fazer pintura’ e sim um modo de ver, de pensar, de sentir e sugerir”, declara. Não se encuca com as teorias e escolas da moda. É original, espontânea, feita no correr do pincel, numa linguagem de manchas, não de contornos; conserva algo de popular e tem um belo colorido. A exposição do MASP escolheu mostrar um segmento específico, os quadros tratando dacultura afro­‑uruguaia: panorama, figuras, aspectos e costumes. Temos até um candomblé. Ótima mostra, surpreendente.

Paula Reis

Paula Reis

Publicitária formada pela ESPM-SP, faz parte da equipe da Blombô, o primeiro marketplace de arte online do Brasil. Apaixonada por escrever e por Arte em todas as suas formas, vem produzindo conteúdo desde os primórdios da internet e se especializando em História da Arte, com cursos pelo MASP Escola, Escola Panamericana de Arte e outras instituições. Se você tem qualquer dúvida ou sugestão para o Blog, mande uma mensagem: ela também adora conhecer novas pessoas e trocar ideias!

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