Mercado de cripto arte em expansão

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Há exatamente um ano, no dia 11 de março, a Christie’s estava leiloando a obra “The First 5,000 Days”, de Beeple por U$69 milhões, um fato, um ato, um marco que colocou de vez a cripto arte e o NFT no vocabulário mundial. Desde então, as agitações envolvendo tecnologia, criptografia e arte entraram em combustão. Players do mercado de arte tiveram que olhar para um mundo que não era mais o mesmo. 

Um NFT do desenho de uma pedra, vendido por R$6,7 milhões, NFT da coleção Crypto Punk vendido por U$40 milhões – questionamentos, resistência e críticas por um lado, e por outro a ironia das altas cifras sendo pagas por memes e GIF’s. Dezenas de milhões de dólares em criptomoeda Ethereum destinados à cripto arte em decisões de segundos são parte do cenário megalómano e esquizofrênico do mercado atual. 

O que se pode esperar do mercado de NFTs é que para ganhar espaço no mercado de arte tradicional será imprescindível a intersecção da tecnologia com a genialidade de grandes artistas. E os últimos acontecimentos indicam que a evolução caminha neste sentido. 

As NFTs resolvem a questão da autenticidade e unicidade das obras de arte digitais, ou seja, garante que a pessoa que comprar será a única proprietária, embora nada impeça que ela seja reproduzida. 

A autenticação sempre foi um fator determinante no mercado de arte, embora a arte não se reduza a isso, há muito tempo as obras de arte se tornaram também ativos financeiros, e para isso a tokenização solucionou muitos problemas, principalmente nas artes digitais.

Plataformas de NFT 

As principais plataformas de comercialização de NFT’s no mundo são : Open Sea, Superare, Nifty Gateway, Makersplace, e Artblocks

Cada plataforma tem suas peculiaridades, a Open Sea é a maior em volume e a ArtBlocks é especializada em arte generativa e trabalha com exibições curadas. 

No Brasil as principais são Tropix, Phonogram e Miintme. A Tropix, uma plataforma que se propõe a ser um marketplace de obras de arte digitais e, conseguiu atrair parcerias com galerias de arte contemporânea bem conceituadas como Zipper, Leme, Verve e Bianca Boeckel. A Miintme trabalha com uma diversidade maior de arte tokenizada, como música por exemplo. 

Byron Mendes é o criador da primeira agência de cripto arte no Brasil, a Metaverse Agency, parceira da Blombô nos projetos que envolvem arte digital, que juntos concretizaram o 1° leilão de NFTs do Brasil, no ano passado.  Para Byron, apesar de todo o desenvolvimento dos últimos anos, o mercado de NFT no mundo ainda está em uma fase inicial, ou seja, com um vasto campo a ser explorado. Para ele é fundamental uma maior intersecção com o campo artístico já existente: “Sempre priorizei a qualidade artística das obras em NFT. Por ser ainda um mercado inicial ainda está em um processo muito especulativo. Muita coisa ainda está mal precificada, existem projetos conceitualmente relevantes que não estão atingindo valor, e projetos ruins, com estratégias midiáticas estão sobre precificados.”, destaca Byron.

Para ele, a falta de maturidade artística do mercado de NFT pode estar atrasando a entrada dos bons colecionadores no mercado – “Mas isto acontecerá de forma natural quando grandes artistas plásticos entrarem para a arte digital” – afirma Byron. 

Galeria da Metaverse Agency no metaverso

Nos próximos dias a Metaverse estará apresentando novidades na ArtSampa que ocorre nos dias 16 a 20 de março e na SP Arte em Abril juntamente com a Blombô. 

Arte Generativa 

Um dos estilos artísticos que ganhou força na cripto arte é a Arte Generativa, sua principal característica é a randomização de padrões obedecendo a regras que evitem a intencionalidade do artista.  É necessário lembrar que antes da tecnologia, a arte generativa já havia sido criada. Entretanto com o universo de possibilidades algorítmicas advinda dos sistemas de computação, esta modalidade expandiu, e é produzida em grande parte por artistas advindos da programação. Obras que fazem expressões orgânicas com sugestão de unidade, misturando artificialidade e natureza, utilizando a liberdade de cálculo e a velocidade computacional do computador e executando a teoria obtida na ciência natural. 

NFT #1013 da coleção Fragments of an Infinite Field, de M`ônica Rizzoli

Artistas para ficar de olho 

Uma das artistas brasileiras de maior propulsão se chama Monica Rizzolli alcançando o valor de R$ 28,4 milhões em uma coleção chamada Fragments of an Infinite Field em leilão na plataforma Art Blocks. A coleção formada por 1.024 peças retrata flores que mudam de acordo com a estação do ano, apresenta fenômenos específicos como pulverização de pólen, nevasca, e folhas caindo. Monica Rizzolli é artista-programadora, com participação em diversos projetos internacionais. 

Wandering, 2021, Monica Rizzoli

Outra artista brasileira, Rejane Cantoni, levou cripto arte para um espaço institucional com a sua primeira instalação de NFT no CCBB do RJ no ano passado – chamada Floras – A arte composta por cerca de 50 animações geradas por processos algorítmicos analógicos e digitais, únicos e exclusivos. A série, um conjunto abstrato de reverberações fractais, explora formas orgânicas de grande impacto visual e força cromática. 

Ourbuxussempervirens, 2021, Rejane Cantoni

Suzete Venturelli é uma das artistas com presença nas instâncias da arte contemporânea brasileira que também produz NFT. É membro do comitê do prêmio PIPA, pesquisadora, artista e professora da Universidade de Brasília e Universidade Anhembi Morumbi/SP. Ela publicou livros sobre a arte e suas relações com a ciência e tecnologia. É curadora e recebeu prêmios como artista. 

Com mais de seis décadas nas artes visuais, Carlos Vergara entrou para o mundo digital com diversos trabalhos realizados em colaboração com Alexandre Rangel. Mike Deodato, quadrinista da Marvel, conhecido internacionalmente, entrou para o universo da cripto arte e foi lançado no ano passado na Metaverse Comics, braço da agência voltado para cartoons.  

O fotografo e designer Betto Gatti, com trajetória importante na publicidade e na moda, passou a fazer fotografia contemporânea e agora NFT’s como a série “In art we trust”.

Human Rights, Beto Gatti

Na próxima semana, de 16 a 20 de março, na ArtSampa, a cripto arte tem encontro marcado com a arte contemporânea. Será possível conferir novos trabalhos dos artistas da Metaverse Agency. Na SP-Arte, de 6 a 10 de Abril, a Blombô, apresentará NFT’s da galeria argentina Aura e holografias do artista Beto Gatti da Metaverse. Também será possível efetuar o pagamento das obras com criptomoedas. 

Fontes : 

https://www.christies.com/features/nft-101-collection-guide-to-nft-11654-7.aspx

https://www.bbc.com/portuguese/geral-56371789

https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-02-26/cryptocurrency-millionaires-fuel-a-boom-i n-digital-art-market 

https://www.artequeacontece.com.br/so-se-fala-em-crypto-art-e-nft-art-mas-e-agora-o-que-e-iss o/

https://cryptoart.io/

https://www.sp-arte.com/editorial/do-que-falamos-quando-falamos-sobre-nfts/

https://exame.com/exame-in/nft-herdeiro-da-multiplan-cria-marketplace-de-criptoarte-no-brasil/

Ana Maria

Ana Maria

Jornalista com formação em psicanálise e especialização no mercado de arte.

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