Como o processo criativo pode aumentar e preservar nossa performance cognitiva
Nosso 25º Leilão Online de Arte apoia o Projeto Cérebro em Ação, uma iniciativa socioeducativa em prol da prevenção do Alzheimer, idealizada pela Dra. Alessandra Rascovski da Casa Consciência. O projeto pretende educar a população por meio de ações mensais gratuitas e abertas ao público. Mas, qual a ligação de um projeto assim com a Blombô? Como o processo criativo pode aumentar e preservar nossa performance cognitiva? O artigo da Dra. Gabriela Pantaleão, neurologista pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nos mostra que é muito maior do que poderíamos imaginar!
A arte é uma atividade complexa e exclusivamente humana, seja ela arte visual, musical ou multissensorial, como a dança. Não se conhece totalmente o processo criativo do ponto de vista neurológico, mas é sabido que, quanto mais se usam as habilidades necessárias para a produção artística, mais consolidadas e velozes se tornam.

Estudos já demonstraram que existem diferenças entre o cérebro de um artista e de uma pesssoa que não estuda artes, e que essas diferenças vão se tornando maiores ao longo do período de atividade artística. Isso acontece porque o artista utiliza e exercita algumas faculdades necessárias para realizar as obras. A primeira delas é a cognição criativa. Cognição, por definição, é o processo ou faculdade de adquirir um conhecimento. A cognição criativa é a que vai fazer com que o artista pense de novas maneiras, ligue ideias e crie.
Outra habilidade é a de transformar percepção em ação, o que quer dizer produzir algo a partir do que ele capta através de seus sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato. Tudo aquilo que os sentidos captam do meio externo é processado com elementos da memória e emoção, e é uma faculdade cognitiva cerebral que reúne esses elementos todos e produz um resultado. Quando a criação envolve movimento, também são ativadas áreas motoras do cérebro.
“A habilidade de desenhar e de pintar, por exemplo, envolve olhar repetidamente o objeto a ser desenhado e o desenho em execução, efetuando comparações constantes. Envolve guardar e memorizar as informações percebidas sobre o objeto a ser desenhado e usá-las através de um ato motor usando as mãos. Assim, diversos domínios cognitivos são usados simultaneamente no ato de desenhar e de pintar.”
Tudo isso é o que faz o cérebro do artista ser diferente. É o treinamento artístico que modifica o processamento cerebral e tem impacto na organização e circuitos, moldando o cérebro e reorganizando-o, num fenômeno chamado de neuroplasticidade. Essa adaptação é o que pode permitir que o cérebro se mantenha saudável e com sua performance cognitiva preservada por mais tempo.
“A arte não existe para produzir o visível, e sim para tornar visível o que está além”
Paul Klee
